16 de janeiro de 2012

Joana fantasmagórica

Joana tinha impressão de não viver. Era como se ela estivesse flutuando dentro de uma bolha, meio acinzentada talvez, que poderia estourar a qualquer momento trazendo-a então a tal da vida.
Joana não comentava com ninguém e pensou algumas vezes em começar uma terapia, mas ela apenas seguia fingindo.
Da sua bolha cinza ela podia acompanhar a vida dos outros, e morria de inveja de todos os vivíssimos. Começou então a imitar alguns comportamentos para que não descobrissem seu problema.
Tinha trabalho, casa, e coisas para cuidar. Tudo que a deixasse menos desconfortável e a afastasse de sua triste realidade.
Um dia, refletindo, ela se deu conta de todo o esforço que fazia para manter essa mentira para os outros. Foi então que lembrou que no nada não existe esforço.
Pensou: talvez todas essas coisas embutidas na bolha fossem indício de vida!
Joana ficou pasma com a possibilidade de estar se enganando o tempo todo, como uma autodefesa contra a triste verdade de que a bolha cinza é toda vida que ela não quis.
Depois disso a bolha não estourou, apenas jaziam alguns comprimidos pelo chão.

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