17 de abril de 2015

por trás do sorriso
largo
de dentes grandes
                            amarelados pelo café
se contrai
ardido
um estômago
que não sabe digerir

e

um
fígado distraído
por algumas taças de vinho
para não ter que
fazer o seu trabalho
miserável
de processar as
emoções
que insisto em engolir

então

algumas
vazam
e
outras
apenas correm impacientes pelas
veias
nervos
           e todas essas estradas que existem em nós
até que
param
e
superpovoam
as minhas mãos
irrequietas,
cheias de nós e linhas estranhas que eu não sei ler

elas

se acalmam
quando o meu polegar oponível
                                                (que certamente não evoluiu para isso)
pinça mais uma taça de vinho
e dá continuidade ao ciclo
da
fuga
sem fim

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