Palavras soltas no ar e você não escutou nada do que foi dito
o olhar fixo na tela do smartphone objeto prático que
carrega toda uma vida,
16GB dão conta
memória pra caceta organizada em pastas de fácil consulta ao que
não se lembra, a fim de não ter que lembrar de nada
assim, sim!
palavras soltas no ar soam como um zumbido
a atenção continua toda presa nas palavras da tela
digitadas por alguém que você não sabe onde está. ainda bem!
porque é bom ter privacidade
Mas o ser falante ao seu lado é impossível de digitalizar e guardar em uma pasta organizada
pra só olhar quando quiser e se quiser...
jogar na lixeira virtual!
essa linda invenção de sumir - para sempre e irrecuperavelmente - com aquilo que não se quer mais, de maneira
muito sustentável sem agredir o meio ambiente nem o meio digital.
sem sujeira, sem aborrecimento
Mas o ruído de gente continua. alguém resolve FALAR com a boca
que preguiça!
como resumir "força da falta de hábito"? porque é isso o
que procuro pra expressar essa minha incapacidade de ouvir
"força da falta", um sentimento atual. compartilhado por
todos os que estão conectados pela rede.
a Falta come espinafre o dia inteiro sem parar
Um esvaziamento do ser para encher de bits fantasmagóricos o não ser na internet
- e Heráclito e Parmênides se reviram no que sobrou do orgânico por conta dessa mediocridade do ser neste sítio divagada.
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