8 de fevereiro de 2012

A Correia de João

Os ditames da família do João já não faziam sentido. Sua avó doente, seu avô sem os dentes e sua irmã depressiva. As coisas não andavam nada bem, todo mundo estava muito fodido. Mas a língua comprida da estirpe insistia em bradar palavras de ordem quando suas atitudes eram incoerentes e/ou pecaminosas.

João estava cada vez mais desprendido, porém de tanto que guiaram seu caminho, ficou cego pra vida e entrou em crise de identidade.
Já não tinha aspirações, pois se livrara das que escolheram pra ele.
Se deparou com a dureza que é ter que descobrir o que é "ser por você".

Chorou por dias escondido no banheiro da firma, no banheiro de casa e com os óculos escuros na rua. 

A família, desolada com a esquisitice de João, resolveu intervir e usar da força manipuladora mais poderosa que nossa geração conhece, o suborno.

Ganhou uma passagem para Argentina.
...

Ganhou uma televisão nova
...

Ganhou...
... 

Calou...

E só então foi entender a depressão da minha irmã.

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