3 de março de 2011

Maria Sombria.

Eu costumava ser uma criança um pouco sombria. Eu brincava de morte: ficava parada com os olhos arregalados pensando em nada. Tinha morrido mas ainda podia enxergar com meus olhos mortos. Eu acreditava naquilo. Nada me fazia crer que eu voltaria, e essa consciência cadavérica ou... espiritual, me fascinava.
Eu estava morta.

_________________________________________________________________________________


Andando na rua, já é escuro e tem muita gente; lotando os bares e inferninhos pra escapar. Riem. Bebem e se mostram felizes. Felicidade que eu não consigo enxergar com meus olhos rasos. Meus olhos mortos. Só enxergam fuga.
Escape. De vida.

Sento num desses e alguém está comigo. Conversamos. Mas eu não sei quem é. Eu não estou aqui. O copo brinca de sair da mesa dezenas de vezes. Eu falo insignificancias.
Faço meu papel.
Assim como todos.

Eu me viro. Lá está a rua. Curiosamente comum, mas, potencialmente perigosa. Deixo vagar o olhar e o pensamento (aquele que prova a minha existência). Volto pro copo. Agora contém um liquido quente e enjoativo.
Me traga mais um!
Quero gelado pra disfarçar o gosto.

A rua. Pontecialmente perigosa.

A antiga brincadeira sombria...
Brincar de morrer, Maria.

Nenhum comentário :

Postar um comentário

comentários: